A diminuição drástica de desenhos na TV aberta brasileira é um fenômeno complexo com diversos fatores interligados. Vamos explorar as principais causas:
Fator 1: Restrição à publicidade infantil:
- Em 2012, o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA) aprovou a Resolução nº 163, que restringiu drasticamente a publicidade infantil na TV aberta.
- Essa medida visava proteger as crianças de mensagens que incentivam o consumo excessivo e produtos inadequados à sua faixa etária.
- Como a receita proveniente da publicidade infantil era crucial para a viabilidade de programas infantis, a resolução impactou negativamente a produção e exibição de desenhos na TV aberta.
Fator 2: Ascensão da TV por assinatura e streaming:
- A popularização da TV por assinatura e dos serviços de streaming, como Netflix e Disney+, ofereceu aos pais mais opções de conteúdo infantil.
- Esses serviços geralmente não possuem restrições à publicidade infantil, o que os torna mais atrativos para as empresas que desejam anunciar seus produtos para esse público.
- Com a migração da audiência para outras plataformas, a TV aberta perdeu relevância no mercado de conteúdo infantil.
Fator 3: Mudança nos hábitos de consumo:
- As crianças de hoje têm acesso a uma variedade de opções de entretenimento, como videogames, tablets e smartphones.
- A quantidade de tempo que as crianças passam em frente à TV diminuiu consideravelmente nos últimos anos.
- Com a fragmentação da audiência, a TV aberta se tornou menos atrativa para a exibição de desenhos animados.
Fator 4: Mudança na grade de programação:
- As emissoras de TV aberta optaram por investir em outros tipos de programas, como novelas, telejornais e reality shows, que geralmente atraem um público maior e geram mais receita.
- A exibição de desenhos animados foi relegada para horários menos nobres da programação, o que contribuiu para a queda na audiência.
Fator 5: Falta de investimento em conteúdo nacional:
- A produção de desenhos animados no Brasil é cara e exige um investimento significativo.
- As emissoras de TV aberta preferem adquirir desenhos animados estrangeiros, que são mais baratos e já possuem um público cativo.
- A falta de investimento em conteúdo nacional limita a variedade de opções disponíveis para as crianças brasileiras.
Consequências:
- A diminuição de desenhos na TV aberta impactou negativamente a cultura infantil brasileira.
- As crianças têm menos acesso a conteúdos educativos e que estimulam a criatividade.
- A indústria de animação brasileira também foi prejudicada, com a perda de jobs e oportunidades.
Futuro da programação infantil na TV aberta:
- É difícil prever se a programação infantil voltará a ter um espaço significativo na TV aberta.
- As emissoras precisam encontrar novas formas de financiar a produção de conteúdo infantil de qualidade.
- A internet e os serviços de streaming podem ser uma alternativa para a exibição de desenhos animados e outros programas infantis.
É importante destacar que ainda existem alguns canais na TV aberta que exibem desenhos animados, como o Gloobinho (Globo) e o Band Kids (Band).
A decisão de assistir ou não a desenhos na TV é uma escolha pessoal. No entanto, é importante que os pais estejam atentos ao conteúdo que seus filhos estão consumindo e que incentivem a diversificação das atividades de lazer.